terça-feira, 4 de agosto de 2015

Entrevista com Barbara Reine, a rainha do sadomasoquismo!


Entrevista com Barbara Reine, a rainha do sadomasoquismo!



Barbara Reine é uma pessoa comum. É mãe, casada, tem duas filhas, trabalha, comemora o Natal. Tem uma vida normal. Mas um dia ela descobriu que gostava de algo a mais na cama. Em vez de ficar se culpando por gostar de fantasias mais extravagantes, foi estudar o assunto, procurar pessoas para conversar que tivessem o mesmo gosto que ela. Bárbara é co-fundadora do Somos, um grupo de pessoas corajosas, que derrubaram tabus para realizar suas fantasias sadomasoquistas com bom senso, responsabilidade, segurança, discrição e consenso. Para ela, essas fantasias são mais comuns do que se possa imaginar e, aqui, ela quebra o preconceito e esclarece algumas dúvidas.

Bolsa de Mulher – O que é sadomasoquismo?Bárbara Reine – É como um complemento ou opção para exercer sua sexualidade, não é apenas um simples "gostar de bater" ou "gostar de apanhar". Passe a perna em alguém na rua e talvez você apanhe bastante e vá para casa feliz, certo? Errado! S&M tem regras, limites, consensualidade, segurança física e psicológica, quando praticado por pessoas que o conhecem profundamente. Não existe prazer na dor se isso não vier acompanhado de situações psicológicas bem planejadas.

BM - Quando começou a praticar?

BR - Comecei há 12 anos com o meu companheiro.

BM - O que gosta de fazer nessa prática?

BR - Muita coisa... O S&M oferece uma série de opções para quem quer praticá-lo. Para dominar ou submeter uma pessoa existem muitos caminhos. Inclusive, os leigos acham que tudo é violento e causa dor. Isso não é verdade. Pode-se torturar uma pessoa de várias maneiras. Pense em você, amarrada numa cama com lençóis macios de seda branca, com seu gato passando uma pena de pavão nas mais escondidas dobrinhas, nas costas, no pescoço... Isso é tortura também. Deliciosa, diga-se de passagem! Mas diga-me se alguém, leigo no assunto, tem idéia de que isso é uma atitude sadomasoquista? Não! Todo mundo acha que é apenas sofrimento, dor, maldade... E não precisa ser isso

BM - Que tipo de prazer isso dá?

BR - Acabei de dar um exemplo e acho que todo mundo que tem um pouco de imaginação pode desconfiar qual é o resultado: tesão. Desde prazer "mental", de estar a mercê de alguém ou o "algoz" ter o prazer de estar "dono" da situação, dominando o momento, até um orgasmo. Pode escolher. Mas uma coisa é certa. Qualquer prática dentro do S&M tem que levar ao prazer, das duas ou mais partes envolvidas. Senão não vale!


BM - Você se considera uma viciada em "sado"?

BR- S&M prá mim não é anfetamina, nicotina, álcool, droga. S&M, pra mim, é uma prática prazerosa. Você perguntaria isso para alguém que pula de um avião, praticante de pára-quedismo? Adrenalina vicia, dá prazer. Se o cara pula 24h por dia de pára-quedas, ele é viciado. Eu faço S&M por prazer, não por vício.

BM – Você também faz sexo sem a prática do "sado"?


BR - Faço sexo sem a prática do S&M e acho maravilhoso também. Apesar de todos acharem que o sadomasoquista é um pervertido, um anormal, porque desconhece o assunto, nós, os praticantes, somos pessoas normais. Temos emprego, filhos, comemoramos aniversário, Natal, Páscoa, amamos, sentimos raiva, somos iguais. Só não queremos ser vistos como doentes.



BM - Por que as pessoas têm tanta dificuldade em assumir que gostam? De onde vem esse preconceito?



BR - A palavra diz tudo: "pré" e "conceito". Todo mundo tem um conceito errado sobre o sadomasoquismo. Talvez por que a prática foi mal batizada. Tomou o nome de Sade e Masoch que nada tem a ver com a prática como vemos hoje. Sade procurava vítimas. Nós, procuramos parceiros. É diferente.




BM - Um tapinha, dói?




BR - Depende. Se você quer que doa, dói. Se seu limite for a dor, não dói. Não dá pra responder, a não ser que eu bata e pergunte prá você: Doeu? A resposta mais comum: Doeu, mas gostei! (risos)



BM - Como você faz para encontrar novos adeptos e esclarecer as dúvidas das pessoas?


BR – O Grupo SoMos existe há 9 anos em SP e eu dirijo o Bar Temático Valhala. Esse bar é o único no Brasil, e o primeiro, dedicado ao público fetichista e adepto do BDSM (sigla americana para a prática do sadomasoquismo). É um local para todos os grupos fetichistas e ponto de encontro do Grupo SoMos. Lá fazemos palestras, workshops, reuniões mensais para agregar novas pessoas ao grupo, festas e playparties (festas S&M).



Via: Bolsa de Mulher

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