quinta-feira, 30 de abril de 2015

VICIADOS EM SEXO: QUANDO O PRAZER SE TORNA UMA DOENÇA



Assunto polêmico e controverso por natureza, o sexo é um tema que costuma gerar discussões acaloradas.

Considerado tabu ainda hoje, falar sobre sexo é uma estratégia inteligente para aprendermos a lidar com nossa própria sexualidade. Mas e quando a busca pelo prazer acaba se tornando uma verdadeira obsessão?

O chamado vício em sexo é um distúrbio que provoca consequências não só na vida de quem é afetado por essa obsessão, mas também para quem está ao redor: o parceiro, amigos e familiares.

A compulsão sexual é considerada um distúrbio psicopatológico e deve ser tratada com terapia especializada.

Origens da compulsão

As origens da compulsão sexual não são simples de encontrar. Elas podem estar relacionadas com o próprio desenvolvimento sexual do indivíduo ou ser produtos de algum tipo de trauma do passado. Apenas a terapia psicológica pode avaliar o nível de compulsão e encontrar as origens que levaram o paciente a ter um comportamento sexual compulsivo. Pessoas as mais diversas possíveis sofrem desse distúrbio, que não está necessariamente relacionado com disfunções como ejaculação precoce nos homens ou ausência de orgasmo, também conhecida como anorgasmia, nas mulheres.

Comportamento obsessivo

O vício em sexo é seguido por um comportamento obsessivo que costuma trazer muitas dificuldades e sofrimentos para os pacientes. Basicamente, a pessoa viciada em sexo apresenta níveis elevados de desejo acompanhados por fantasias sexuais recorrentes que não têm hora nem lugar para se manifestar. Ao mesmo tempo, o indivíduo passa a não conseguir controlar os impulsos sexuais. Em pouco tempo, de acordo com o quadro da compulsão, a vontade de fazer sexo acaba dominando os hábitos cotidianos do paciente. O resultado é uma relação destrutiva com o sexo e a sexualidade, que faz com que fiquemos escravos de nossos próprios desejos.

Sintomas

O primeiro sintoma é a dificuldade para realizar tarefas e compromissos diários em decorrência do desejo sexual compulsivo. Isso leva, naturalmente, a uma série de complicações, como a dificuldade em estabelecer relacionamentos afetivos e emocionais. Os laços de intimidade acabam sendo substituídos pela necessidade do prazer carnal constante. Geralmente, a pessoa viciada em sexo acaba tendo múltiplos parceiros sexuais, consumindo grandes quantidades de materiais pornográficos, além de masturbar-se constantemente. Isolamento social e baixa autoestima são efeitos colaterais da compulsão e, em muitos casos, podem levar a casos clínicos de depressão.

Transtornos

Uma série de sintomas que acompanham o vício em sexo levam a transtornos relacionados à compulsão sexual. A expectativa de satisfazer os desejos sexuais recorrentes e imprevisíveis provoca grande nervosismo, capaz de gerar o chamado transtorno de ansiedade aliado à compulsão sexual. Ao mesmo tempo, todos os esforços conscientes do indivíduo compulsivo são direcionados para o ato sexual propriamente dito, o que leva à perda de amigos, eventual infidelidade com o atual parceiro e uma sensação insuportável de culpa, sem contar comportamentos de assédio sexual ou condutas inapropriadas, uma vez que o indivíduo não consegue controlar seus impulsos.

Graus de desejo

A compulsão em sexo apresenta variações que devem ser levadas em conta na hora de fazer um diagnóstico e prever o tratamento mais adequado. Como desejo sexual é um elemento difícil de medir, diversos sexólogos preferem atribuir uma escala de zero (desejo inexistente) até infinito (desejo incontrolável). O caso mais extremo consiste no transtorno de aversão sexual, uma situação exatamente oposta à hipersexualidade. Nesse transtorno, ocorre aversão e esquiva do indivíduo de ter contato sexual genital com o parceiro. Já no caso do desejo incontrolável, temos a hipersexualidade, também conhecida como satiríase, para os homens e ninfomania, para as mulheres.

Sexo e identidade

Como parte das nossas experiências, realização emocional e contato com o outro, a sexualidade contribui para estruturar nossa identidade. O indivíduo que apresenta compulsão sexual pode ter problemas nessa constituição. Um dos exemplos é o transtorno de identidade de gênero na infância, quando o indivíduo apresenta um comportamento transexual censurado pela família e pela sociedade. É importante destacar que, a priori, não existe um aspecto que defina um padrão "normal" de sexualidade. O problema no caso da compulsão sexual é a expansão da área da intimidade individual a um problema de saúde, já que o vício causa grandes prejuízos pessoais e sociais.

Prazer inalcançável

Para quem apresenta um quadro de compulsão, a plena satisfação dos desejos sexuais acaba sendo impossível de alcançar. Não importa quantas vezes se pratique o ato sexual ou a masturbação, a libido de quem é viciado em sexo nunca é completamente satisfeita. Isso leva o paciente a um ciclo destrutivo que o faz retomar a atividade sexual e experimentar, cada vez mais, grandes doses de tensão e ansiedade. Por conta dessa necessidade sexual exacerbada, o indivíduo pode acabar abusando de substâncias psicoativas relacionadas com a desinibição. É comum que vício em drogas ou alcoolismo sejam observados em pacientes viciados em sexo.

Tratamento

O primeiro passo para tratar a compulsão em sexo é assumir o problema. O paciente precisa estar convencido de que é dominado pelos impulsos sexuais. Em seguida, é preciso procurar ajuda médica de profissionais como psicólogos e, dependendo da intensidade do vício sexual, psiquiatras. A ajuda psiquiátrica é indicada para casos mais extremos, nos quais sejam necessários remédios com o poder de diminuir quimicamente a libido sexual. São substâncias que também ajudam a reduzir eventuais quadros de depressão. Já os psicólogos e grupos de apoio contribuem para encontrar as causas da compulsão e encontrar formas de tratá-las da melhor maneira possível.

Casos famosos

O problema da compulsão sexual chegou às páginas de jornais depois que famosos e celebridades assumiram o vício em sexo. Um dos casos mais famosos foi o do ator Michael Douglas, uma das primeiras celebridades a assumir o problema, nos anos 1990. Na ocasião, Douglas assumiu ter sido infiel por conta do vício em sexo. Ator da série "Arquivo X", David Duchovny se divorciou da atriz Téa Leoni depois de 14 anos de casados. O motivo foram as diversas traições dele por conta da compulsão sexual. O ator se recuperou depois de um tratamento intensivo em uma clínica especializada.

Novas pesquisas

O vício em sexo é um assunto tão controverso que divide a opinião de cientistas e sexólogos. Muitas pesquisas ainda estão em processo para desvendar esse elemento do comportamento humano. Uma delas, lançada recentemente pela Universidade da Califórnia (UCLA), observou o comportamento cerebral de pessoas hipersexuais. A conclusão tem provocado polêmica na comunidade científica. Ela assume a existência da hipersexualidade, mas afirma que o comportamento pode estar associado mais com traços de personalidade do que como um vício propriamente dito. Sendo assim, personalidade bipolar, impulsividade e sentimentos de euforia frequente e intensa podem estar ligados ao comportamento compulsivo.

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